1. |
Cheio/Vazio
04:27
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CHEIO/VAZIO
(Mariá Portugal)
É tão diferente
Passear por um lugar
Em que a maior das festas já se deu
A festa de boas-vindas
De alguém que veio e ficou
Deixando tudo mais macio
Tudo aberto, calmo, convidativo
Passeio pelos aposentos
Vejo os vestígios e quase escuto
Sua música tão particular
Que ainda parece reverberar
E me divirto
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2. |
Dois Litorais
08:40
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DOIS LITORAIS
(Mariá Portugal)
Lá na fronteira do teu olhar
Muito depois das cortinas
Repousa um mar
Cinzento mar
De todos o mais salgado
E onde sempre está chovendo
Como se fosse preciso enchê-lo mais
É o mar que quebra na minha praia
E que eu tento em vão navegar
E de onde tiro os meus peixes
Não adianta se desviar
São dois lados do mesmo mar
O meu lado quente
E o seu congelado
A água que me refresca é
a mesma que te petrifica
A mesma água
O mesmo sal
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3. |
O Grão Da Voz
07:13
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O GRÃO DA VOZ
(Mariá Portugal)
Para Juçara Marçal
O grão da voz
Matéria-prima
da praia da memória
Inúmeros grãos
serão necessários
pra refazer a praia
pra que esse barco saia
atravessando a língua
até o cais do poema
O grão da voz
Batalha própria
do corpo de quem canta
Apenas um grão
é o necessário
pra detonar a bomba
no coração da nota
vandalizando a língua
até o caos do poema
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4. |
Petroléo
08:14
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PETRÓLEO
(Paula Mirhan/Mariá Portugal)
Nunca te vi
Mas te imagino
Viscoso
Opaco
O contrário do espelho
Petróleo
Pétreo óleo
Pútrido ódio
Submerso
Que aparecerá das entranhas do mundo
Por entre as fissuras da civilização
Olho daqui
Toco teu rosto
Vistoso
E traço
A vazão do desejo
Petróleo
Bálsamo, Ópio
Leito de um rio submerso
Secreto
Combustível capaz de nos deslocar
Quem tem fogo é quem saberá
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5. |
Telepatiá
03:00
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TELEPATÍA
(Mariá Portugal)
Para Manuela Martelli
Qué estás haciendo
Qué estás haciendo
Qué estás haciendo de tu vida
Yo por mi parte
Yo por mi parte
Yo colecciono fotografías
De todas las horas de mi vida
Y entento enviarte por telepatía
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6. |
Um Ohlo Aberto
13:00
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UM OLHO ABERTO
(Mariá Portugal)
Para Elza Soares
Ora cara não me venha
com esse papo sobre a natureza
Cada um inventa a natureza
que melhor lhe caia
Uma natureza que é a sua cara
Uma natureza cuspida e escarrada
Onde existe o dito natural
e o animal perfeito mora
Onde a verdade é garimpada
até não sobrar nada
Da sede, do sexo
O peixe, o índio
O rio concreto
Invadindo os edifícios
O nome, o muro
Circuito fechado
Um olho aberto
Pra você dormir tranquilo
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Mariá Portugal Cologne, Germany
Brazilian drummer, singer, composer, producer and improviser currently based in Germany.
Composes soundtracks for dance, theatre and cinema.
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